Perfil: Pascoal da Conceição
- Por: Isabela Alves
- 11 de mar. de 2017
- 3 min de leitura

Pascoal da Conceição é um ator completo. Aos 63 anos, leva consigo uma vasta experiência teatral. Na TV, teve grandes papéis, como o escritor Mário de Andrade na minissérie Um Só Coração, mas é reconhecido, principalmente, por seu primeiro personagem na televisão, o vilão Doutor Abobrinha, do Castelo Rá-Tim-Bum. Tivemos o privilégio de conversar com esse grande artista e conhecer um pouco mais sobre sua carreira e planos para o futuro. Confira aí!
O que é cultura para você? Pra mim, cultura é modo das pessoas se cumprimentarem, como se alimentam, as coisas que elas gostam, as músicas que ouvem, o jeito da vida que querem levar. É uma coisa muito ligada à nossa vida.
A partir de qual momento você passou a ter contato com ela? Na minha casa tinham seis irmãos, meu pai e minha mãe. Não tinha muito contato com as coisas, principalmente cultural, eu nasci em 1953, na época a gente gostava muito de ouvir rádio. Depois gostávamos muito da televisão, mas eu não conhecia o livro ainda, lá em casa não tinha livros. Quando eu entrei na escola, a minha professora do primário lia um livro no final da aula se a gente se comportasse bem, se a gente aprontasse ela parava a história no meio e ela acabava lendo em capítulos, então ali que eu comecei a ver o livro. A escola para mim representou muito, era gostoso porque lá eu comecei a entrar em contato com a cultura mesmo, comecei a entender lá o que nós fazíamos em casa, o jeito que vivíamos.

Como começou a sua carreira no teatro? No teatro, a minha carreira começou com um amigo meu falando para fazermos faculdade de letras. Eu já tinha feito teatro amador no grupo da escola, mais eu não tinha pensado que eu ia fazer carreira como ator. Mas eu estava sempre perto de pessoas que gostavam de encenar, então eu ia acabar fazendo teatro de qualquer jeito.
Como foi o teste para o Castelo Rá-Tim -Bum? Eu estava saindo do trabalho e um amigo me pediu carona, e perguntou se eu podia esperar um pouco, folgado né? (Risos). Ele disse que ia fazer um teste para um programa chamado Castelo Rá-Tim-Bum, eu falei que iria fazer também, para o papel do Doutor Victor. O Cão Hambúrguer, criador do programa, não gostou muito e perguntou se eu não queria improvisar, alguma coisa.
Eu perguntei como era o personagem e ele respondeu que se tratava de um especulador imobiliário que queria derrubar o castelo construir um prédio no lugar. Aí eu tive uma lembrança de já conhecer a história e fiz o teste. Ganhei o personagem! Até hoje eu nem sei quem era o cara que me pediu aquela carona aquele dia. (Risos)
Porque hoje em dia não tem tanto programa educacional? Nós tivemos uma mudança muito grande que aconteceu, mas vocês não perceberam. Até a década de 60 e 90, a criança não era vista como consumidor, eles vendiam coisas para os adultos e os adolescentes e não focavam nas crianças. Quando apareceu a Xuxa, a criança começou a ser alvo da indústria do consumo. Hoje em dia não se faz programa para a criança, porque ouve uma opção política e de mercado de transformar a criança em consumidor.
Quais são os planos para o futuro?
Eu tenho pensado nas minhas próximas apresentações, não sei exatamente quais são as peças, mas tem que ser algo que me de retorno financeiro para que eu consiga resolver as minhas coisas, juntando o útil ao agradável. Eu também já tenho muito conhecimento, por que faço teatro há muitos anos, então está na hora de passar esse conhecimento para as pessoas. Eu tenho muita vontade de fazer isso, dirigir um espetáculo. São coisas que estão nos meus planos.
PING-PONG
Um momento. Hoje, agora, nessa hora. Um livro. Livros do Machado de Assis e Cem Anos de Solidão do Gabriel Garcia Marques. Uma música. Não sou muito de ouvir música, mas adoro um samba porque conta histórias como “Não deixa o samba morrer” e “Eu Sou o Samba”. Um personagem O Doutor Abobrinha com certeza. Um medo. Antigamente eu tinha medo de assombração, mas atualmente tenho medo de operação, da dor no coração. Uma frase inspiradora. “Nada é por acaso”.

“Quando nascemos a vida é tão fantástica e há muita vontade de viver e ser feliz. Quando criança, vivemos de sonhos, mas isso desaparece quando crescemos. Podemos ter dificuldades, mas não devemos parar de sonhar. Todo mundo tem uma criança interior e não pode deixá-la ir embora.” - Pascoal da Conceição
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